Ryan Murphy e a importância de editar suas ideias

Ana Clara Braga
3 min readMay 6, 2021

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Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência

Ryan Murphy é produtor, escritor, vencedor de 7 prêmios Emmy e 5 Globos de Ouro e uma das mentes criativas mais inquietas do mundo do entretenimento. Tem algo que ele não sabe fazer? Sim! O queridinho da Netflix não tem o poder de editar ideias.

Se você já assistiu alguma produção assinada por ele, sabe muito bem do que estou falando. American Horror Story é uma bagunça deliciosa em que cada temporada somos presenteados (as vezes ameaçados) com enredos, subenredos, reviravoltas, 100 personagens, 200 antagonistas e ocasionalmente desfechos não muito satisfatórios.

Gosto da série, mas não posso negar a salada em que cada temporada se transforma em algum ponto. Existe algum momento no meio do programa em que Ryan Murphy olha para a tela de seu computador e pensa “tive uma ideia”. E aí que o bicho pega.

Na segunda temporada da série antológica de terror, minha favorita, são tantos antagonistas que a história poderia ser dividia em várias. Temos um assassino em série, uma freira possuída, um médico nazista e aliens. Tudo isso com os protagonistas vivendo em um sanatório comandado por uma freira carrasca. Ou o botão de delete estava faltando ou faltou um amigo para dizer “Ryan, acho que agora chega”.

Quem poderia esquecer da participação de Adam Levine como “anônimo amputado”

Murphy é um criador nato. Sou fã de seu talento, mas saber editar é um dom que se aprende. Glee, outra criação de sua autoria, também sofreu com enredos tão mirabolantes que não caberiam em um texto. Seria esse o grande charme do produtor? Uma overdose de conteúdo?

Pose é uma exceção a regra. A série que acompanha a vida de membros da ballculture é a melhor que Ryan Muphy já produziu. Recentemente, ele tomou a difícil, porém sábia, decisão de encerrar a produção após a terceira temporada. Parar no auge é sempre o melhor a se fazer. Especialmente quando teve por perto exemplos de séries que duraram tempo demais (não vou dizer Glee, mas Glee).

Enquanto temporadas de AHS continuarem a serem lançadas a fã base fiel continuará a ver. Eu também, provavelmente, menos a temporada 4 que nunca consegui terminar e me recuso a tentar pela terceira vez.

Se eu pudesse aconselhar Ryan Murphy, diria que ele tem espaço o suficiente e ideias o suficiente para criar por uma vida inteira. Não precisa juntar todas as ideias em uma temporada só fazendo a Sarah Paulson chorar por todos os crimes da humanidade.

Fiquei assim quando assisti toda a temporada 5 de AHS só pra ver a Gaga

O que vou falar agora não é criação minha, já li na internet algumas vezes e é a mais pura verdade. Ryan Murphy é o Miguel Falabella americano. Ambos são altamente criativos, cultos em referências e amam personagens caricatos e mulheres cheias de laquê em suas produções.

Musas do fumo

O Falabella americano poderia aprender com nosso conterrâneo que a simplicidade também tem um charme. Em Tomá Lá Da Cá, uma das séries mais famosas de Falabella, o cenário era sempre o mesmo, apenas as situações absurdas mudavam.

Seria o entretenimento minimalista a nova tendência? Talvez. Só sei que espero que Falabella não lance um Glee brasileiro e torço para que Ryan Murphy não comece a recitar poesia na TV aberta.

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Ana Clara Braga

Jornalista que ama música, cinema, sentimentos e cultura pop.